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sexta-feira, 28 de junho de 2013

Confusões habituais

O frio naquele local era indubitável, afinal era inverno. Havia sido assim o mês todo, e esse por incrível que parecesse era o dia mais agradável que o rapaz havia tido na cidade. Pelo menos levando em consideração o clima; sempre abaixo de zero. Com uma capa negra envolta dos ombros e um longo cachecol cobrindo o resto dos agasalhos, ele seguia a passos curtos na direção da praça. Suas madeixas – que agora desenhavam um novo penteado – esvoaçavam na direção do vento, ora ao norte outrora ao sul. O clima estava tão confuso quanto ele. Seus orbes estavam com uma coloração mais clara que o normal, algo perto de um azul-cristal, bem fosco. Eles brilhavam mais intensamente algumas vezes, talvez fosse resultado do choque contra as lâmpadas da praça, ou algo natural, não tinha como saber. Na verdade o jovem por inteiro estava diferente, pelo menos do habitual modo que era visto pelas redondezas. Seguia desatento sobre o ladrilho, segurava um livro na mão direita. Preciso entregar este livro e pegar outro. Falava consigo mesmo enquanto caminhava até a biblioteca, seus passos pareciam o guiar a praça, e ele assim o fez, passos lentos seguiu em direção a praça central e sentou-se em um dos bancos e começou a admirar a fonte, e por alguns segundo maneou a cabeça para o lado, encostando-a no banco… Fechou os olhos, estava pensando em sua vida, de um modo geral, talvez o ambiente calmo o fazia relembrar de coisas não tão boas, que já aconteceram. Voltava a ficar de pé se achegando de frente a fonte, ali debruçou-se um pouco afim de ver e tocar na água que de tão fria virava pedras de gelo.


Anderson Bragança Barros



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